sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

No mundo da lua*

Conheço um menino que se fosse desenho seria um misto de Menino Maluquinho e Fantástico Mundo de Bob.
Mas esse menino é real. Posso sentir seu cheirinho de traquinagem e ver no azul dos seus olhos um mar que não pertence à Terra.
Sua poderosa roupa de astronauta pode levá-lo aos planetas mais quentes, ou aos mais frios; às vezes até mesmo ao sol. Sua nave é capaz de escapar da força de um buraco negro e trazer de lá a luz capturada.
Em suas viagens há sempre uma legião de heróis: seres fantásticos que vão de dragões de mil anos a simpáticos morceguinhos que o guiam na escuridão.
No cinema e nos livros não tarda a incorporar os seres mais surpreendentes e não pense que ele será o domador das feras, ou o índio que salva a tribo. Na verdade, ele é o próprio dragão amigo dos homens e da natureza; é o espírito livre da floresta que ajuda o índio a virar herói.
Com sua inconfundível janela inferior aberta a novos sabores de aventura, traz sempre um sorriso branco de quem espera conquistar o mundo com a luz que nasceu fadado a carregar.
Dividido entre o real e o imaginário, não titubeia na hora de escolher a fantasia como meio para atravessar pontes e chegar a lugares mágicos onde todos os seus desejos podem se realizar.
A mim, resta a chance de ser diariamente convidada a cruzar a ponte mágica e viajar com ele sem previsão de terras onde aterrissar. E se às vezes meu eu adulto e rabugento pede que ele volte do mundo da lua, simplesmente me olha com aquele mar azul alienígena e desafia: “Ôxe mãe olha eu aqui!”.

(*) Texto dedicado ao meu pequeno viajante, ser capaz de nutrir com vida qualquer espírito moribundo.

Um comentário:

  1. Que legal esse texto Clarissa! É incrível como os personagens mais cativantes das melhores historias são aqueles que encontramos justamente ao olhar para os nossos lados ne?

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